domingo, 16 de julho de 2017

arquitecta Ana Pinho

Desde Santana Lopes que não existia no governo uma Secretaria de Estado da Habitação. A tutela passou por vários ministérios, mas a verdade é que as políticas públicas de habitação foram saindo da agenda, reduzidas a questões de financiamento bancário ou de alteração da legislação sobre o arrendamento. Bairros de habitação precária, realojamento, gestão social da habitação pública, tudo isto foi deixando de ter verba nos sucessivos orçamentos de Estado.

Nem a crise de 2008, originada precisamente pelo “sub-prime” no crédito à habitação nos EUA, chegou para dar o alerta. Com a retoma, o aumento da reabilitação urbana, a falta de alternativas para o investidor, a pressão do turismo e a liberalização da lei das rendas por Assunção Cristas, o mercado entre nós entrou em modo especulativo. A carestia, a falta de casas para arrendar, a gentrificação em Lisboa e no Porto entraram de rompante nos noticiários. O direito à habitação não está a ser garantido – com a agravante de existirem pelo menos 500.000 casas vazias que não cumprem a sua função social.

É neste quadro que surge, em boa hora – só peca por tardia – a nova Secretaria de Estado da Habitação. Desejo à arquitecta Ana Pinho toda a energia e boa onda possíveis! Tem nos seus ombros a tarefa de honrar uma das nossas grandes referências, o arquitecto Nuno Portas, o primeiro a levar a habitação para o topo da agenda política em 1974  ---Helena Roseta 2017-7-17